sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Avenida Sarandi compete no quesito sujeira com a Praça dos Cachorros


O descaso com os espaços públicos não é uma falha somente da Prefeitura de Livramento, mas também da Intendência de Rivera (Uruguai).

Conforme informamos aqui neste blog, a Intendência de Rivera, parece, está bem intencionada com relação à necessidade de restaurar o chamado Paseo 33 Orientales, ou seja, a parte contígua à Praça dos Cachorros, de Livramento. Tanto assim, que nos solicitou que visitássemos novamente a sede da municipalidade na segunda metade de outubro próximo, para conhecer o novíssimo projeto arquitetônico do Paseo 33 Orientales, que ora está sendo criado pelos arquitetos riverenses.

Entretanto, isso não é tudo: o Paseo 33 é importante para uma nova imagem pública da nossa linha de fronteira.

Mas e o resto da cidade?

É verdade que as praças públicas de Rivera estão bem mais cuidadas que as de Livramento. O contraste é visível e constrangedor para os brasileiros.

A prova disso é que as praças riverenses vivem cheias de crianças brincando e adultos tomando mate, porque justamente estão sendo mantidas pelo poder público municipal.

Em Livramento tudo é sujeira, calçadas esburacadas, bancos quebrados, luminárias com fiação expostas e abandono. Quem se arriscaria a levar crianças para esses ambientes perigosos?

Quando as crianças e os idosos estão presentes é porque há segurança e harmonia no local público, caso contrário, ninguém se aproxima ou frequenta.

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A Intendência de Rivera está esquecendo o Parque Internacional, tão abandonado quanto a parte brasileira do mesmo.

A Intendência de Rivera está esquecendo também a limpeza da via pública, especialmente na avenida Sarandi, onde se localiza cerca de 90% das lojas free-shops.

Não se sabe o que é mais sujo e atirado: a avenida Sarandi ou a Praça dos Cachorros.

Na Sarandi e adjacências, há imensas caixas de papelão e isopor disputando espaço com o turista consumidor. Os canteiros verdes estão pisoteados e descuidados. Os bancos públicos estão capturados pelos ambulantes. Na frente dos bares e restaurantes há pedintes, vendedores de mercadorias ilegais, cambistas clandestinos, lixo e caos.

Se observa que os comerciantes fixos não se importam com a ordem e o recolhimento do lixo que, afinal, eles próprios produzem em sua atividade negocial.

O comércio riverense está numa maré alta, ganha muito dinheiro com as vantagens de ser zona de livre comércio, a renúncia fiscal do Estado, e sobretudo o câmbio favorável, mas não retribui com nenhuma contrapartida aos espaços públicos da cidade. É uma forma indireta, mas real, de desrespeitar os seus próprios consumidores.

Cabe, portanto, uma ação direta do poder público municipal, na gestão do intendente Marne Osorio, no sentido de estabelecer um diálogo mais estreito e cooperativo com os comerciantes de Rivera. Não é possível que os comerciantes fiquem com todos os bônus da atual conjuntura econômica e os demais cidadãos, turistas, visitantes e consumidores fiquem só com os ônus.

Quem pode e deve ordenar uma política de reciprocidade - baseada no diálogo - com os comerciantes riverenses é a Intendência. Promover a cooperação mútua é um dever do gestor público.

É o mínimo que esperamos.

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Ontem, recebemos a reclamação de um leitor que viu um camelô batendo o pó de um carpete imundo em plena via pública, pouco se importando com as dezenas de transeuntes que por ali passavam e fugiam daquela ameaça a sua saúde.

A ignorância deste indivíduo é tanta, que ele sequer suspeita que está pouco a pouco dando um tiro no próprio pé. E que tudo tem limites.

Foto do alto: a rasgada bandeira do Uruguai, no Parque Internacional, dá bem uma amostra do quadro de abandono que se vê nas ruas comerciais de Rivera, onde predomina o lixo. Tudo sob o consentimento e o descaso dos comerciantes fixos que ganham muito dinheiro e não oferecem nenhuma contrapartida.


Foto menor: ambulante uruguaio se instalou para fazer assado em pleno lado riverense do Parque Internacional. Ninguém o molesta, ela se acha dono do pedaço. Assim, qualquer um se sente estimulado a proceder da mesma forma. Já que não há autoridade, poder público, limites legais, qualquer indivíduo se vê no "direito" de fazer o que bem entende. 

2 comentários:

Anônimo disse...

pois é sra.laura, chegamos num estágio onde a desobediência civil impera mais que as leis, por isso nossa cidade ta neste caos, onde prefeito, vereadores, secretarios estão mais preocupados com seus salarios, com as proximas eleições, a manutenção dos CCs, do que resolver as atrocidades que assistimos diariamente aqui, e totalmente impunes...
não entendo porque não terminam com os cargos de confiança, pra que estas pessoas? se o municipio já tem o quadro de funcionários suficientes para manter a prefeitura, com certeza sobraria muito dinheiro, para hospital, investimentos, manutenção dos predios publicos, etc... o prefeito que conseguir um dia terminar com estes CCs, esse sim vai estar sendo um cidadão digno de receber homenagens e não essa palhaçada que assistimos todos os dias na A platéia, promovendo campeonatos de futebol, festa criolla, troca de bandeiras no elo, etc...

fronteiriço disse...

Absolutamete correta a avaliação. Onde está o retorno dos free-shops na limpeza da cidade? Quanto as praças de Livramento, infelizmente esse prefeito e sua equipe não demonstram fôlego para a liderança, em uma cidade que necessita uma revolução de educação, mas é claro, não tem culpa de 200 anos de exclusão social. A verdadeira Livramento e seus cidadãos estão abandonados nas vilas que circundam a cidade. Quanto ao passeio 33 Orientales é preciso muita atenção, para que os arquitetos uruguaios não inventem de realocar os camelôs ali, colocando uma pá de cal no que já foi o passeio, e aí sim, será mais difícil tirar "o lado brasileiro". Queremos a praça limpa, como na foto acima. Será que é difícil para os arquitetos entenderem isso?? Não adianta construir novas barracas pseudo-modernas e deixar tudo como está...