Na audiência de conciliação marcada pela magistrada Carmem Lúcia dos Santos Fontoura, na última quinta-feira 28, a fim de tratar da desocupação da Praça General Flores da Cunha, mais conhecida por Praça dos Cachorros, todos os intimados e convidados compareceram, como era de se esperar.
A audiência foi vedada a não convidados. A juíza declarou ao jornal A Platéia: “O processo está iniciando, não há nada definitivo. Vamos manter discrição com relação aos atos”. E completou a magistrada: “Queremos conciliar o interesse da comunidade, que quer ver a praça recuperada, com o das pessoas que dependem daquela estrutura e que em algum momento tiveram autorização de ocupar aquele espaço.”
O prefeito Wainer, na saída da audiência, informou que nada do que havia sido tratado poderia ser divulgado, afirmando: “Definimos questões sobre um tema de interesse da comunidade, porém não podemos falar agora sobre o assunto.”
Em respeito à vontade da autoridade judicial e o comprometimento das autoridades em manter o sigilo do que foi tratado, aguardaremos o resultado dos ajustes e obrigações que foram combinados perante o Poder Judiciário.
Entretanto, a comunidade deve permanecer mobilizada, até a efetiva e completa desocupação da praça, seguida da integral restauração dos locais hoje devastados por trinta anos de ocupação caótica, ilegal e degradante.
Um dado inusitado foi a tentativa frustrada do representante dos camelôs, Abdalah Suleiman, de entregar à juíza, uma proposta de projeto para a realocação dos espaços e revitalização da praça. Mais curiosa ainda foi a tentativa de interlocução do vereador Batista Conceição (PSB), que até a presente data nunca tinha se manifestado sobre a vergonha da fronteira, a exemplo de todos os seus pares da Câmara de Vereadores de Livramento, que sempre tiveram uma atitude de omissão contemplativa para com o problema da Praça dos Cachorros e o constrangedor caos da linha da fronteira.
Um indicador seguro de que a situação se aproxima de um desfecho definitivo – a desocupação e a restauração das praças públicas – é que os oportunistas e adesistas de última hora começam a surgir aqui e acolá, na tentativa de pegarem carona na mobilização cidadã da comunidade santanense e riverense.
Quando os oportunistas se engajam é porque um movimento – que começou improvável e cercado de ceticismo – passou a ser tocado pela faísca do êxito. Êxito esse, sempre coletivo, cidadão, inominado, politizado e apartidário.