sábado, 24 de setembro de 2011

Nem a Justiça tem voz em Livramento, a verdadeira terra sem lei



Se as declarações do secretário Sérgio Aragón feitas nos meios de comunicação,  forem verdade, e tudo permanecer como dantes, em Santana do Livramento as leis só devem ser cumpridas pelos cidadãos que pagam impostos, taxas e tributos e os comerciantes estabelecidos.

Após denúncia aos órgãos competentes, a respeito das irregularidades que ocorrem na linha de fronteira entre Livramento e Rivera, somente os Ministérios Público Estadual e Federal as acolheram.  Depois tentativas frustradas de acordo entre o MPE e o Executivo Municipal, o Ministério Público ajuizou a Prefeitura Municipal e o Judiciário acatou.

Qual não é a nossa surpresa, que nem ao Judiciário o prefeito Wainer Machado respeita. O mesmo Poder Judiciário, que deveria ser a instância última, ao qual a cidadania deveria recorrer em busca de seus direitos e garantias individuais.

A Prefeitura Municipal de Livramento, depois de ser acionada pelo Judiciário, se viu obrigada a publicar um decreto. Decorrido o prazo, ontem, não o cumpriu. E tudo está como antes. Tudo continua como o inoperante prefeito Wainer Machado deseja, sem nenhuma satisfação à população, e as praças entregues ao caos que perdura quase duas décadas.

O que teria sido tratado na “audiência de conciliação” convocada pela juíza de Direito, Carmen Lúcia da Fontoura, com a pauta: “remoção imediata dos camelôs da Praça dos Cachorros”, que ocorreu no dia 28 de abril deste ano, e realizada a portas fechadas, com a presença de autoridades brasileiras e uruguaias?

Por que não aconteceu a segunda audiência agendada para o dia 4 de agosto? Por que não há nenhuma declaração que satisfaça à população? Por que ninguém respeita os prazos acordados entre as partes de responsabilidade pública, entre agentes com fé pública?

Mais uma vez os céticos e os pessimistas acabam tendo razão, quando não acreditam mais numa solução cidadã para o ambiente de deus-dará e de vale-tudo que predomina nos espaços públicos de Livramento.

E a vergonha continua!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Prazo esgotado


Conforme o Decreto Municipal nº 5.797 de 24 de agosto de 2011, hoje é a data limite para a desocupação da Praça Flores da Cunha, conhecida há alguns anos por Praça dos Cachorros.

A propósito, a Prefeitura já iniciou a restauração do cachorro de pedra que está no pátio da Secretaria de Obras? E do outro cachorro que está sem focinho, dos braços do menino jornaleiro, sem esquecer do chafariz, calçada, ...

Vamos aguardar! Continuamos vigilantes e acreditando na ordem judicial que determinou a desocupação e restauração da praça.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Faltam 13 dias

Na foto os irmãos Cristina e Walter Ribeiro sob a pérgola da Praça dos Cachorros que daqui a 13 dias deverá estar nestas mesmas condições.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Faltam 14 dias: 4 dias para a desocupação e mais 10 dias para a restauração


Restam quatro dias para o prazo da desocupação se esgotar. 
Lembrando que, segundo o decreto, o descumprimento acarretará uma multa de R$ 1.000 por dia ao prefeito municipal.

Pescado do blog Filhos de Santana

sábado, 17 de setembro de 2011

Faltam 16 dias para a limpeza da linha divisória



E no Uruguai, quando se dará a desocupação?
Nas fotos a Calle 33 Orientales, no Uruguai, o outro lado da Praça do Cachorros.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Homenagem à Santana do Livramento



Faltam 18 dias para termos a praça limpa e restaurada.

Composição de Érlon Péricles, interpretado por Leôncio Severo, "Diário de um Fronteiriço".

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Muitas gerações já passaram pela Praça dos Cachorros



Observando a imagem de meu pai e meu tio, ao lado de um dos cachorros da Praça, que ilustra o Twitter deste blog, algumas coisas me vieram à cabeça. Na verdade, muitas coisas.

Vendo aquela cena alegre da infância santanense, nos idos de 1940, penso em que espaços urbanos nossa infância de hoje pode ocupar, para se divertir, passear, ou apenas sorrir despreocupadamente como os meninos da foto?

Pelo que sei, a Praça da Bandeira vive já há alguns anos “assombrada” por todo o tipo de pessoas marginalizadas e com mato alto ao redor. Mesmo o Parque Internacional não oferece mais a segurança necessária, mesmo antes do sol se por. Da periferia, dos bairros afastados e esquecidos, melhor nem falarmos, pois seria ainda mais trágico.

E a Praça dos Cachorros? Para começar, roubaram os cachorros e o que sobrou do espaço público que ainda resistia bravamente nos anos 80, está intransitável. Aliás, nada sobrou.

Daí me vem à mente algumas canções e jingles que povoaram nossos anos recentes. O primeiro deles é o velho “Sem medo de ser feliz”, das campanhas de Lula, lembram?

Conversando com o escritor Luciano Machado, ele me dizia estar temeroso do real engajamento da população nessa campanha de recuperação da praça, pois os jovens de hoje não conheceram o local em seu esplendor de espaço público. Se acostumaram ao que hoje está ali. Em outras palavras, tem medo de ser felizes. Ou nem desconfiam o que é felicidade.

Aí volta na minha cabeça a velha canção que diz: “Quando nascemos fomos programados, a receber de vocês, nos empurraram com os enlatados, dos USA, de nove às seis. Desde pequenos nós comemos lixo, comercial e industrial ...”.

Quer dizer, essa geração não consegue visualizar uma cidade renovada, feliz e desfrutável, a exemplo do que acontece nas praças de Rivera (desculpem, a comparação é inevitável), que parecem estar a 100 quilômetros de distância, mas estão a poucas quadras dali.

“Nada mais me deixa chocado”, já prenunciava aquela canção dos Paralamas. Hoje, somos uma sociedade que não teve o mínimo suporte educacional e cultural, está entupida de violência e com medo, muito medo de ser feliz.

Lembro do Parque Internacional como um território ao mesmo tempo lúdico e de resistência. Por ali passaram quantos militantes das organizações de esquerda, que buscavam refúgio no Uruguai dos anos 60? Quantos agentes da CIA, dos serviços secretos brasileiros também? Antes disso, quantos comerciantes, pistoleiros e ciganos no velho Areial ? Agentes e líderes políticos sob a influência das idéias anarquistas, comunistas e depois os partidários de Prestes?

Pela Praça dos Cachorros, então, quantos enamorados se beijaram e também quantos exilados buscaram ali uma visão reconfortante do país que eram obrigados a abandonar?
Logo após a chacina que vitimou quatro militantes comunistas em frente ao Café Tupinambá, no Largo Hugolino Andrade, em setembro de 1950, foi na Praça dos Cachorros que os companheiros de Rivera se uniram para jurar vingança e execrar o arbítrio.

E hoje, onde se reuniriam? Onde está o povo que merece ser feliz? Se esse espaço histórico, ele mesmo é um ator dessa memória, não é justo que o tenhamos de volta?

Por isso, pede-se aos homens públicos dessa terra, ao prefeito, ao intendente e vereadores, o mínimo de responsabilidade com as gerações presentes e futuras.

Não se está pedindo que vislumbrem muito além, como Georges Haussman, que modernizou Paris no final do século 19, com os bulevares que até hoje fazem o marketing da cidade.

Nem mesmo que sejam um Pereira Passos, que saneou o Rio de Janeiro nos inícios de 1900.

Mesmo esses dois grandiosos administradores incorreram em muitos erros, pois mexer com o social nunca será uma receita pronta e fácil.
Não se está pedindo que estas pessoas que hoje ocupam a Praça e o largo até o Teatro de Rivera sejam colocadas “porta-afora”, como foras da lei. Não.

Aí é que entra a responsabilidade dos administradores e políticos, que antes de mais nada precisam regularizar a situação destes comerciantes, legalizá-los e colocá-los em local apropriado.

Vejam os centros populares de compra que surgiram em capitais como Belo Horizonte, Florianópolis ou Porto Alegre e tome-se como exemplo.

O que parece líquido e certo é que da maneira como está hoje, a Praça General Flores da Cunha e o Largo Hugolino Andrade não servem como paradigma de uma cidade turística, moderna e aprazível.

O espaço da Praça deve voltar a ser cristalino e todos aqueles que não tem medo de ser felizes devem lutar por isso.

Essa é a primeira de muitas batalhas que devem vir, na busca de uma Santana e uma fronteira cada vez melhor para todos. A inclusão das periferias abandonadas tem de ser o passo seguinte.

Artigo de Marlon Aseff, jornalista e historiador santanense, autor de Retratos do Exílio - solidariedade e resistência na fronteira (Edunisc, 2009), com exclusividade para este blog.


Artigo publicados neste blog em 20/08/2011
Foto pescada de Artenalinha Reino de Braguay - Nelzita Mª Souza Garcia

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Faltam 25 dias - A saudosa pracinha dos cachorros




Quando se diz que esta é a terra do já teve, algumas pessoas ficam indignadas, como se isto fosse uma heresia ou uma blasfêmia.

Olhando um álbum de fotografias, encontrei algumas que tirei, da Pracinha dos Cachorros, construída há várias décadas por uma defunta administração bem intencionada, numa comunidade mais preocupada consigo mesma e com o bem comum e que ainda zelava pela beleza e pela conservação do passeio público.

Essa pracinha tinha quatro estátuas, muito bonitas, que a decoravam: um menino e uma menina e dois cães, um em cada extremidade, e que ali permaneciam como se fossem os únicos guardiões daquele patrimônio.

Acho que foi entre l984 e l986 que tirei aquelas fotografias.

Posteriormente, num livro da CAPOSAN, encontrei uma foto do João Kelbouskas, que retratava a Pracinha dos Cachorros à noite, num dia de chuva, como que simbolizando seus derradeiros dias.
Nesse tempo ela ainda conservava um pouco de sua integridade e de sua beleza original.

Mas depois, nos anos subseqüentes, foi ficando cada vez mais abandonada, com seus muros e bancos estragados, os cães e crianças mutilados, e acabou, por absoluta falta de ação e articulação dos setores responsáveis (secretarias municipais de administração, urbanização, turismo e planejamento), sendo ocupada pelas barracas dos vendedores de artigos do Paraguai, todos eles irmãos nossos aqui da fronteira que na falta de outras oportunidades de trabalho e de outro lugar para ficar, ali se instalaram, com a devida autorização do poder público.

Pois esse pessoal no princípio até cuidava bem daquela pracinha e alguns por sua conta e boa vontade tentaram recompor as estátuas, fizeram alguns reparos no calçamento, plantaram flores e recompuseram o gramado onde já não havia, como foi o caso de uma senhora que, não tendo espaço em sua própria casa, havia feito ali um pequeno jardim, cujas plantas costumava cuidar, sem prejuízo do seu trabalho.

Infelizmente nem todos pensavam assim, nem tinham o mesmo cuidado. E com o passar do tempo a praça inteira, cujo nome oficial é Praça General José Antonio Flores da Cunha, foi desaparecendo, com seus bustos, seus cães e suas crianças, debaixo das lonas e barracas dos vendedores.

Mas enfim, a culpa não  é deles... Segundo a filosofia popular, se tu permites que eu me instale em tua casa abandonada sem nenhuma restrição de tua parte, e se já não a cuidavas antes disso, porque eu iria cuidar?

Em outras palavras, se os sucessivos governos municipais e os representantes do legislativo (que deviam ser os fiscais do executivo) não se importam com o patrimônio público, nem as demais forças comunitárias com a boa aparência da sua cidade, não podemos esperar que as pessoas comuns, por si sós, em sua grande maioria, se preocupem com isso.

Artigo de Luciano Machado, escritor santanense, publicado neste blog no dia 05 de agosto de 2011.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A praça dos cachorros



Na linha divisória internacional entre as cidades de Santana do Livramento (RS, Brasil) e Rivera (Uruguai) existe uma praça chamada Flores da Cunha. Hoje, ela está muito feia, irreconhecível.

Era um local agradável, local de encontro e convivência fraterna, pacífica, amiga.

Infelizmente, com o passar dos anos e o descaso de sucessivas administrações municipais, a praça acabou virando um aglomerado de barracos improvisados, servindo de abrigo a camelôs e comércio de incontáveis quinquilharias.

A Praça Flores da Cunha era uma homenagem da comunidade santanense ao seu mais ilustre filho. Também era carinhosamente conhecida como Praça dos Cachorros, por causa das esculturas de belos cães galgos. Havia estátuas de crianças e espaço de convivência. Hoje, está abandonada à própria sorte e ao descaso permanente das autoridades.

O lixo se acumula no seu interior, trazendo o grave risco de um vasto incêndio. Há mau cheiro e abandono por toda a parte.

A Praça Flores da Cunha, que já foi de jovens e crianças, agora é o retrato do desprezo do poder público para com a memória do município.

Os santanenses jovens não conheceram esta praça. Ficam surpresos diante da revelação.

Aqui tinha uma praça? Eu nem imaginava! - dizem eles.

A comunidade santanense precisa reagir.

O poder público municipal deve responsabilizar-se pelo abandono da Praça Flores da Cunha, e promover ações administrativas que dêem um destino ao comércio ambulante, e que se faça uma completa restauração do local, tornando-o novamente bonito, agradável e amigável aos cidadãos santanenses, riverenses e sobretudo aos turistas de distintos lugares que a visitam.

Existe o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul - o chamado FOCEN.

Este Fundo disponibiliza cerca de 10 milhões de dólares por ano para o Brasil. O recurso deve ser aplicado necessariamente em faixas de fronteira, como é o caso da Praça dos Cachorros.

À Prefeitura Municipal de Santana do Livramento compete fazer um projeto com o objetivo de se habilitar a receber parte do recurso. O projeto deve contemplar a restauração da Praça Flores da Cunha, do Parque Internacional e um destino digno ao comércio de ambulantes que hoje ocupam área nobre de Livramento.

Prefeito Municipal, cumpra com a sua obrigação!

É o que esperam e exigem os cidadãos e cidadãs de Santana do Livramento, os amigos de nossa cidade e os turistas que nos visitam.

Vida nova à Praça dos Cachorros! Restauração, já!

Publicado originalmente neste blog em 30/07/2010